quinta-feira, 19 de abril de 2012

COMO ESTÃO OS BICOS GRANDES NESSA HORA?


'Deltaduto' financiava campanhas eleitorais, aponta investigação da PF

Empresa de fachada repassou verba a pessoas jurídicas doadoras em 2010; Perillo foi beneficiado


BRASÍLIA - O rastreamento do dinheiro injetado pela Delta Construções em empresas de fachada, segundo a Polícia Federal, e ligadas ao esquema do contraventor Carlos Cachoeira, revela que a empreiteira carioca montou um “deltaduto” para irrigar campanhas eleitorais. A CPI do Cachoeira, que será instalada na quinta-feira, 19, no Congresso, vai investigar os negócios do contraventor e seus elos com a construtora e políticos. Empresas que receberam recursos da Alberto e Pantoja Construções Ltda., cuja única fonte de renda identificada pela Polícia Federal era a Delta Construções, abasteceram cofres de campanhas em Goiás, área de influência da organização criminosa de Cachoeira. Segundo as investigações da Operação Monte Carlo da PF, a construtora de fachada (a Alberto e Pantoja) registrou operações atípicas durante o ano eleitoral, período em que movimentou R$ 17,8 milhões. Duas empresas, que embolsaram R$ 210 mil da Pantoja, doaram R$ 800 mil a candidatos. Entre eles, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o deputado federal Sandes Júnior (PP-GO), ambos citados nas investigações da PF por supostas relações com a quadrilha. Registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, um mês depois das eleições, Perillo recebeu R$ 450 mil da Rio Vermelho Distribuidora, de Anápolis (GO). A empresa também doou R$ 30 mil para a candidata a deputado federal Mirian Garcia Sampaio Pimenta (PSDB). A Rio Vermelho é citada em laudos da PF que mostram, a partir da quebra de sigilo bancário, transferências feitas pela Alberto e Pantoja em 2010 e 2011. O atacadista recebeu R$ 60 mil da empresa, que tem como procurador Geovani Pereira, homem de confiança de Cachoeira. De acordo com a Rio Vermelho, a doação para Marconi foi legal e está registrada no TSE. Com relação ao repasse da Alberto e Pantoja, a empresa afirma que o valor é referente à venda de um carro para Cachoeira.

Marconi Perillo. Este não é o primeiro elo entre o governador de Goiás e as investigações da Monte Carlo. A então chefe de gabinete de Perillo, Eliane Pinheiro, pediu demissão depois que escutas telefônicas mostraram a servidora passando informações sigilosas sobre as operações policiais que tinham como alvo o esquema do contraventor. Perillo, que já confirmou ter se encontrado com Cachoeira, também é citado em conversas de integrantes da quadrilha que mostram a influência do grupo em seu governo, incluindo nomeações para cargos-chave. Doadora de R$ 300 mil para a campanha do deputado federal Sandes Júnior (PP), a Midway International recebeu R$ 150 mil da construtora investigada pela PF. A empresa de suplementos alimentares transferiu o dinheiro em duas parcelas de mesmo valor (R$ 150 mil) em 22 e 28 de setembro de 2010. Sandes Júnior também é citado em grampos da Monte Carlo. A Midway doou ainda R$ 20 mil para o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Wilton Batos Colle, da Midway, informou que pediu um empréstimo para uma empresa de Anápolis para fazer a doação. “Queria doar dinheiro para um grande amigo nosso, o deputado Sandes Júnior, mas estávamos sem dinheiro no caixa naquela época.” Segundo o empresário, a empresa escolhida para a operação foi a Libra Factoring, de um irmão de Cachoeira, também investigada no inquérito da PF. “Foi uma operação legal e declarada. Só não sabíamos que quem estava fazendo o negócio era essa Pantoja”, argumentou.

FAISCAS

Relator do suposto mensalão afirma que ministro César Peluso é amargurado



Joaquim Barbosa, que assume a vice-presidência do STF, também negou pretensões eleitorais


BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa rebateu nesta quarta-feira, 18, as críticas feitas pelo presidente do tribunal, Cezar Peluso, a ele, à ministra Eliana Calmon, corregedora-nacional de Justiça, e ao futuro da Corte. "O Peluso se acha", afirmou. "Na verdade ele tem uma amargura. Em relação a mim então...", acrescentou. Na entrevista, Peluso insinuou que Barbosa teria alimentado planos eleitorais por conta da relatoria do processo do mensalão. Barbosa negou que tenha algum dia falado sobre pretensões políticas com alguém. "Eles estão inventando essa história. Eu jamais falei com qualquer pessoa sobre candidatura", disse. O ministro também saiu em defesa da corregedora-nacional de Justiça. Na sua entrevista, Peluso afirmou que Eliana Calmon não deixará nenhum legado quando terminar seu mandato no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Peluso e Eliana Calmon entraram em conflito ao discutir os poderes correcionais do CNJ. Peluso queria que o Conselho só abrisse investigações depois que as corregedorias dos tribunais locais investigassem magistrados suspeitos. Eliana Calmon defendia poderes mais amplos, por julgar que as corregedorias locais são, na maior parte das vezes, corporativistas.
"A Eliana ganhou tudo (no embate com Peluso). Ele não sabe perder", afirmou Barbosa. E, ao contrário da avaliação de Peluso, o relator do mensalão elogiou o trabalho da ministra e disse que ela só não fez mais porque Peluso não permitiu. "Ela fez muito, não obstante os inúmeros obstáculos que ele tentou criar", disse. Joaquim Barbosa assume nesta quinta-feira, 19, a vice-presidência do STF. Na presidência, o ministro Carlos Ayres Britto substituirá Peluso. Inicialmente, Barbosa não quis comentar as declarações do colega. Disse que responderia apenas na sexta-feira para não estragar a cerimônia de posse. No entanto, resolveu falar e acrescentou que responderá mais enfaticamente depois da posse.
Planos políticos. Em sua entrevista, Peluso citou uma conversa com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para insinuar os supostos planos políticos de Eliana Calmon e Joaquim Barbosa. "Basta lembrar de quando o ministro Joaquim Barbosa acatou o recebimento da denúncia contra os envolvidos no episódio do mensalão. Foi aplaudido em um bar do Rio de Janeiro, foi lançada a candidatura dele, e ele até gostou da ideia. Quando você se vê dentro da mídia, sendo o foco, tudo centralizado em você, tudo pode passar pela cabeça", afirmou Peluso. "Perguntei ao presidente Sarney, ele é meu amigo, se achava que a ministra Calmon tinha intenções políticas. Ele disse: 'Se até pela cabeça do ministro Joaquim Barbosa passou isso, pode passar pela cabeça dela'. Mas ela disse que não. Mas ela se sente bem nessa postura", afirmou Peluso. Na opinião do presidente da Corte, o ministro Joaquim Barbosa, a despeito dos problemas de saúde, cumprirá os dois anos de mandato na presidência da Corte, que assume em novembro deste ano. Mas disse não saber como o ministro se relacionará com os colegas, com advogados e com a magistratura. “Ele é uma pessoa insegura, se defende pela insegurança. Dá a impressão que de tudo aquilo que é absolutamente normal em relação a outras pessoas para ele parece ser uma tentativa de agressão. E aí ele reage violentamente”, disse. Peluso questionou, na entrevista, a eficiência do novo sistema previdenciário do funcionalismo público, dizendo que "ninguém que tenha capacidade e decência irá procurar emprego no setor público" a partir de agora. Também criticou a presidente Dilma Rousseff por frustrar o aumento do salário dos magistrados e servidores do Judiciário. "A Presidência descumpriu a Constituição, como também descumpriu decisões do Supremo. Mandei ofícios à presidente Dilma Rousseff citando precedentes, dizendo que o Executivo não poderia mexer na proposta orçamentária do Judiciário, que é um poder independente, quem poderia divergir era o Congresso. Ela simplesmente ignorou", disse. Além disso, o presidente do STF criticou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), a quem responsabiliza pelo fracasso de sua proposta de mudança na Constituição para antecipar o trânsito em julgado de processos judiciais para o julgamento em segunda instância. Hoje, um processo só transita em julgado depois que todos os recursos possíveis sejam julgados, podendo o caso só terminar depois do julgamento pelo STF. "A PEC só não foi votada porque o Dornelles complicou. Quem o senador Francisco Dornelles representa? Ele é do PP ou do BB - dos bancos e bancas. Estes são os grandes interessados na discussão do sistema", afirmou. "O Dornelles é senador pelo Rio de Janeiro, mas de fato representa os interesses dos bancos e representantes das grandes bancas de advocacia de Brasília. Ele travou a votação da PEC", afirmou Peluso.

NOSSA SOLIDARIEDADE AO MINISTRO JOAQUIM BARBOSA E A GRANDE ELIANA CALMON. O BRASIL PRECISA MUITOS DE PESSOAS COMO SUAS EXCELÊNCIAS.