Taxa de desemprego é a menor para janeiro desde 2003
Diante da saída de trabalhadores temporários do mercado de trabalho, a taxa
de desemprego para o mês de janeiro é a
mais baixa da série história do IBGE, iniciada em março de 2002. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego do instituto e foram divulgados
nesta terça-feira. O desemprego cresce tradicionalmente em janeiro quando muitas pessoas voltam
a procurar uma vaga após as festas de final de ano, quando a busca é reduzida.
Além disso, empregados temporários são dispensados, principalmente no comércio. A taxa de janeiro deste ano, porém, é a mais baixa para o mês em dez anos. O
primeiro resultado do IBGE para janeiro é de 2003, já que esta série foi
iniciada em março de 2002. Em 2012, o percentual havia ficado em 5,5%. Com esse cenário, o número de pessoas ocupadas cresceu 1,2% em janeiro na
comparação com igual mês de 2012 e caiu 1,2% em relação a dezembro. De dezembro
para janeiro, 293 mil trabalhadores perderam seus empregos. Já o total de desocupados subiu 17,2% de dezembro para janeiro, o que
corresponde a 195 mil desempregados à procura de trabalho. Na comparação com
mesmo mês do ano passado, houve alta de 1,4% ou 18 mil desempregados a mais nas
seis regiões metropolitanas onde a pesquisa é realizada. Segundo o técnico do IBGE, a taxa de desemprego subiu de dezembro para
janeiro exatamente no mesmo ritmo registrado de dezembro de 2011 para janeiro de
2012 --de 0,8 ponto percentual. "É normal a taxa de desocupação aumentar em
janeiro. Já era esperado e manteve o mesmo padrão do ano passado."
SETORES
Dentre os setores, os que mais fecharam vagas de dezembro para janeiro foram
construção civil (-5,2%), comércio (2,1%), serviços domésticos (-5,9%) e o ramo
de educação, saúde e administração pública (-2,1%). Em números absolutos, ocorreram mais dispensas no comércio (96 mil vagas de
um mês para o outro) e na construção (95 mil). Num primeiro sinal positivo após
um ano de 2012 ruim para o emprego industrial, o número de ocupados no setor
cresceu 1,5% --ou 55 mil postos de trabalho abertos nas seis regiões
pesquisadas. Considerando a forma de inserção da mão de obra no mercado de trabalho, o
emprego com carteira ficou praticamente estável (alta de apenas 0,1%) de janeiro
para fevereiro. A maior parte das vagas fechadas em janeiro foi de empregados
sem carteira assinada, categoria que registrou queda de 5,4% na comparação com
dezembro --ou 134 mil pessoas ocupadas a menos. Em relação a janeiro de 2012, o emprego com carteira subiu 4,1% (459 mil
registrados a mais). Já as contratações sem contrato de trabalho recuaram 1,6%
nessa base de comparação. Segundo o IBGE, o rendimento caiu 0,1% de janeiro para dezembro e foi
estimado em R$ 1.820. Em relação a janeiro de 2012, houve alta de 2,4%.
PANORAMA
O mercado de trabalho não refletiu em 2012 o fraco crescimento econômico: o
desemprego foi o mais baixo desde 2003, início da atual série histórica, e a
renda do trabalhador cresceu no maior ritmo desde 2004, segundo o IBGE. O descompasso resultou do alto custo de demissões e da escassez de mão de
obra em alguns setores, o que fez empresários segurarem trabalhadores e
aceitarem pagar melhores salários. Foi reflexo ainda do crescimento maior do PIB em atividades que ocupam mais
pessoas, como comércio e serviços, dizem analistas. Os dados do PIB de 2012
serão divulgados na sexta-feira e analistas preveem alta de apenas 1%. Nesse cenário, a taxa média de desemprego ficou em 5,5% em 2012, a menor
desde 2003. Já o rendimento subiu 4,1%, o melhor desempenho da série história,
graças também ao forte reajuste do salário mínimo, segundo especialistas.