Médicos cubanos dizem que vieram ao Brasil 'por solidariedade, não por dinheiro'
Os primeiros médicos cubanos que desembarcaram no Brasil para participar do
programa Mais Médicos, do governo federal, disseram neste sábado que não sabem
quanto receberão pelo trabalho e que vieram "por solidariedade, e não por
dinheiro". "Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro.
Trabalhamos porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil
nem em nenhum lugar do mundo", afirmou o médico de família Nélson Rodríguez, 45,
ao desembarcar no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife (PE). Ele disse que a atuação dos profissionais no Brasil seguirá as ações
executados em países como Haiti e Venezuela, onde já trabalhou. "O sistema de
saúde no Brasil é mais desenvolvido que nesses outros países que visitamos,
então poderemos fazer um trabalho até melhor na saúde básica", afirmou. À imprensa, outros médicos que deram entrevistas concordaram com o colega.
Todos eles falaram "portunhol" --afirmaram que tiveram contato com o português
quando trabalharam na África ou por terem amigos que já trabalharam no
continente.
Natacha Sánchez, 44, que trabalhou em missões médicas na Nicarágua e na
África, disse que os cubanos estão preparados para o trabalho em locais com
"condições críticas" e que pretendem trabalhar em conjunto com os médicos
brasileiros. Ela afirmou não ter conhecimento das críticas
feitas pelo Conselho Federal de Medicina ao programa Mais Médicos. Os médicos cubanos desembarcaram vestindo jaleco, com bandeiras do Brasil e
de Cuba. Eles foram escoltados por homens do Exército e da Marinha durante os
procedimentos de imigração e alfândega, de onde seguiram em vans para
alojamentos das Forças Armadas. Quatro deles foram levados para uma sala e
conversaram com jornalistas. O voo dos cubanos pousou por volta das 14h. Em um avião fretado da empresa
Cubana, vieram 206 médicos. Desses, 30 ficarão em Pernambuco e os outros irão
ainda hoje para Brasília. Amanhã, outro grupo de 194 médicos chega em voos que farão escalas em
Fortaleza, Recife e Salvador. Eles ficarão hospedados em instalações militares durante o treinamento do
programa, até serem deslocados para os municípios onde irão atuar. A expectativa do governo é que, até o final do ano, mais 3.600 médicos
cubanos desembarquem no Brasil. Além dos cubanos, vão desembarcar até amanhã outros 244
médicos estrangeiros e brasileiros com registro profissional no exterior que
se inscreveram na primeira etapa do Mais Médicos.