Saúde, educação e Dilma fazem Brasil subir em ranking de igualdade entre sexos
Em um ano, o Brasil saltou de 82º colocado para 62º no ranking de
igualdade entre sexos (Global Gender Gap Index) do Fórum Econômico
Mundial, a ser divulgado hoje em Nova York. O avanço tem "duas razões-chave", de acordo com a diretora de Paridade
de Gênero e Capital Humano da organização, a paquistanesa Saadia Zahidi:
aumentou de 7% para 27% a proporção de mulheres ministras e, "é claro, a
presidente Dilma Rousseff estava no poder neste último ano, o que
também tem impacto no índice". Outro fator é que o país, "de fato, acabou com a diferença de gênero
tanto em saúde como em educação" ao longo dos últimos anos, dividindo
agora o primeiro lugar com diversos outros países, em ambas as áreas. O estudo, realizado anualmente desde 2006 por Zahidi e pelos professores
Ricardo Hausmann, de Harvard, e Laura Tyson, de Berkeley, leva em
consideração quatro categorias: saúde e sobrevivência; realização
educacional; participação e oportunidade econômica; e fortalecimento do
poder político. Se por um lado avançou em aumento do poder das mulheres, com Dilma e ministras, e já vinha melhorando em saúde e educação, por outro o Brasil segue atrás em participação econômica. Mais precisamente, em dois dos cinco indicadores que compõem a
categoria: a participação na força de trabalho e a similaridade de salário. No primeiro, "sobrevive uma grande diferença", com 64% das mulheres
participando da força de trabalho, contra 85% dos homens. "Para um país
onde mais mulheres se formam nas escolas, mais mulheres se formam nas
universidades, é um desperdício de todo esse talento", critica Zahidi,
32. No segundo indicador, diante da pergunta "Mulheres e homens recebem
salários similares?", executivos brasileiros responderam que os
rendimentos são "muito mais baixos" para mulheres, cerca de 52% dos
rendimentos dos homens. O ranking geral traz algumas surpresas, como a Nicarágua em primeiro
lugar na América Latina e em nono no mundo ou a África do Sul em 16º no
mundo. Segundo Zahidi, isso se deve ao fato de focar as diferenças entre
os sexos, não o nível de desenvolvimento do país. Ela destaca que, de modo geral, "o mundo está indo bem" na paridade de
gênero em saúde em educação, mas nem tanto em empoderamento político e
participação econômica, "áreas em que nem os países nórdicos acabaram
com a diferença".