Principal
foco de irregularidades no Ministério do Esporte, o programa Segundo
Tempo será mantido por Aldo Rebelo, o novo ministro, mas passará por
radicais mudanças. Os convênios que vinham sendo fechados com ONGs para a
execução do programa serão feitos agora com universidades, escolas
técnicas e de educação física, Estados e municípios, disse o ministro ao
Estado. Ele tomou posse na segunda-feira, em substituição a Orlando
Silva, que saiu depois de uma série de denúncias de irregularidades. O
novo ministro chamou a Controladoria-Geral da União (CGU) para examinar
os principais programas da pasta e suspendeu o repasse de verbas a todos
aqueles para os quais não havia ainda sido transferido dinheiro. Como
Orlando, Aldo é do PC do B. Mas ele garantiu que o ministério não será
transformado num aparelho do partido, porque o interesse maior é o do
País e da sociedade. “Nunca tive dúvida sobre isso. Mesmo que numa
atitude ou gesto você possa contrariar o partido.” Aldo é uma
figura peculiar. Comunista de carteirinha, costuma frequentar missas da
Paróquia do Paraíso, em São Paulo. Para o gabinete, no sétimo andar do
primeiro prédio da Esplanada dos Ministérios, ele levou estatuetas do
líder comunista Mao Tsé-tung, de Frei Damião, do ex-senador Teotônio
Vilella e de Dom Quixote, retratos dos familiares, um quadro a óleo de
Simon Bolívar, comprado numa rua de Caracas, e cerâmicas com
representações folclóricas brasileiras. Desde que o PT assumiu o
governo, Aldo Rebelo transformou-se numa espécie de salvador da Pátria
da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da
presidente Dilma Rousseff. Nas crises, foi chamado a assumir o cargo de
líder do governo, ministro das Relações Institucionais quando o
ex-ministro José Dirceu começou a perder poder, presidente da Câmara
durante as suspeitas de envolvimento em irregularidades do então titular
Severino Cavalcanti (PP-PE) e, agora, ministro do Esporte.
(…)
O Segundo Tempo vai mudar de rumo?
Em primeiro lugar, ele não muda de conteúdo. Continuará atendendo crianças mais pobres cujos pais não podem pagar clube nem um treinador particular. O Estado tem obrigação de assisti-las. Essa finalidade principal não muda. O que deve mudar é a execução do programa. Com todo respeito às ONGs, acho que o programa deve apoiar-se nas escolas, universidades, no Ministério da Educação, no CNPq, nas escolas de educação física. Há alguém mais preparado do que os professores de educação física? A faculdade de educação física vai existir permanentemente. O professor se aposenta e vem outro. A ONG tem um funcionamento mais precário. Pode cumprir uma função auxiliar, mas não pode ter a função principal.
O Segundo Tempo vai mudar de rumo?
Em primeiro lugar, ele não muda de conteúdo. Continuará atendendo crianças mais pobres cujos pais não podem pagar clube nem um treinador particular. O Estado tem obrigação de assisti-las. Essa finalidade principal não muda. O que deve mudar é a execução do programa. Com todo respeito às ONGs, acho que o programa deve apoiar-se nas escolas, universidades, no Ministério da Educação, no CNPq, nas escolas de educação física. Há alguém mais preparado do que os professores de educação física? A faculdade de educação física vai existir permanentemente. O professor se aposenta e vem outro. A ONG tem um funcionamento mais precário. Pode cumprir uma função auxiliar, mas não pode ter a função principal.
O sr. já se debruçou em cima dos convênios do ministério?
Um por um, não. Tomei a decisão por atacado. Mas é preciso entender que o Ministério do Esporte tem poucos convênios se examinarmos do conjunto do governo. Dos convênios que foram pagos ou cujo pagamento está em andamento - são 28 ou 29 -, eu pedi ajuda ao ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União), que enviou para cá um assessor e nós vamos fazer uma fiscalização convênio a convênio. Não vou suspender porque já tem dinheiro público. Ou já foi totalmente pagou ou parcialmente pago. Seria uma irresponsabilidade mandar suspender. Mas vai haver uma fiscalização in loco. E aqueles cujo pagamento não havia sido iniciado - em que havia apenas empenho, sem desembolso -, esses eu mandei suspender todos.
Um por um, não. Tomei a decisão por atacado. Mas é preciso entender que o Ministério do Esporte tem poucos convênios se examinarmos do conjunto do governo. Dos convênios que foram pagos ou cujo pagamento está em andamento - são 28 ou 29 -, eu pedi ajuda ao ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União), que enviou para cá um assessor e nós vamos fazer uma fiscalização convênio a convênio. Não vou suspender porque já tem dinheiro público. Ou já foi totalmente pagou ou parcialmente pago. Seria uma irresponsabilidade mandar suspender. Mas vai haver uma fiscalização in loco. E aqueles cujo pagamento não havia sido iniciado - em que havia apenas empenho, sem desembolso -, esses eu mandei suspender todos.
O sr. é um membro importante do PC do B. Esse turbilhão de denúncias atingiu a imagem do partido?
Claro. Nós temos o desafio de recuperar a imagem do partido. Escolhi o partido exatamente pelos compromissos com as mudanças, as transformações, a luta pela igualdade, o direito das pessoas mais simples. Acho que isso nós só vamos fazer na prática. Não adiantam discursos. Daqui a dois, três, quatro anos, com um dirigente, um quadro do partido à frente desse ministério, vamos mostrar que o PC do B é capaz de conduzir tarefas de elevada responsabilidade, com espírito público, compromisso com o povo e com o País. E também esforço de preservar nossos quadros. Tenho plena confiança na honestidade do ministro Orlando. É um rapaz de bem, de boa origem, como militante do movimento estudantil. Agora, na vida pública, somos muitas vezes tragados pelos acidentes e incidentes. Temos de enfrentar.
Claro. Nós temos o desafio de recuperar a imagem do partido. Escolhi o partido exatamente pelos compromissos com as mudanças, as transformações, a luta pela igualdade, o direito das pessoas mais simples. Acho que isso nós só vamos fazer na prática. Não adiantam discursos. Daqui a dois, três, quatro anos, com um dirigente, um quadro do partido à frente desse ministério, vamos mostrar que o PC do B é capaz de conduzir tarefas de elevada responsabilidade, com espírito público, compromisso com o povo e com o País. E também esforço de preservar nossos quadros. Tenho plena confiança na honestidade do ministro Orlando. É um rapaz de bem, de boa origem, como militante do movimento estudantil. Agora, na vida pública, somos muitas vezes tragados pelos acidentes e incidentes. Temos de enfrentar.
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