Os três amigos
A revista ÉPOCA teve acesso a novas conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo – que, no final de fevereiro, deslindou a infiltração do crime organizado no governo de Goiás. A íntegra das conversas – 5,9 gigabytes de informação – corre sob segredo de Justiça na 11ª Vara Federal de Goiânia. Nela, encontra-se fartura de trechos inéditos – e explicitamente reveladores, sobretudo sobre o envolvimento do tucano Marconi Perillo, que governa o Estado de Goiás, com o esquema liderado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e pela construtora Delta. Entre outras novidades, há diálogos em que se diz que Perillo “mandou passar” à Delta um contrato que poderia render R$ 1,2 bilhão. Noutros diálogos, cita-se Perillo como responsável por ordenar, por intermédio do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM), que o diretor do Detran no Estado, indicado por Cachoeira, contratasse uma empresa de um amigo do governador. Descobre-se, ainda, que um irmão de Perillo, chamado Antônio Pires Perillo, ou Toninho, tinha um celular Nextel habilitado nos Estados Unidos para conversar com Cachoeira – e que Toninho prestou serviços a ele. Desde que a existência da quadrilha de Cachoeira veio a público, em fevereiro, sabia-se que a força do grupo escorava-se, entre outros políticos, no senador Demóstenes. O envolvimento de Perillo aparecia, até então, por indícios. Na semana passada, ÉPOCA revelou as evidências – contidas num relatório enviado pela PF à Procuradoria-Geral da República – de que a Delta firmara um “compromisso” político com Perillo: comprara a casa que o governador vendia, pagara R$ 500 mil a mais do que ela valia – e passara a receber em dia o que o governo de Goiás lhe devia. De acordo com as gravações, outros acertos de Perillo com as empresas ligadas ao esquema de Cachoeira acontecem em março de 2011, logo após a venda da casa para a Delta. No dia 1º de março, Perillo vende a casa. No dia 2, começam os negócios. Às 21 horas, Demóstenes liga para Cachoeira. O assunto é urgente: Demóstenes tem um “recado” a transmitir a Cachoeira. De quem? De Perillo. Descobre-se, portanto, que a relação de Perillo com a quadrilha de Cachoeira era ampla – envolvia não apenas seu assessor Wladmir Garcez, que acabara de intermediar os pagamentos da Delta pela casa, mas também Demóstenes. Diz Demóstenes: “Fala, professor. O seguinte: tava precisando falar com você. Ou se você não puder, manda o Wladmir (Garcez) falar comigo. Não é nada daquele assunto, não. É outro, que apareceu agora. É um recado do Marconi. Precisava te passar” (ouça o áudio). Cachoeira pergunta se Demóstenes está em Goiânia. “Tô aqui”, diz Demóstenes. “Se você puder vir aqui... Se não puder, manda o Wladmir que eu explico o que é.” Cachoeira não titubeia: “Vou aí agora então”. Pouco mais de meia hora depois, após o encontro com Demóstenes, Cachoeira liga para o presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso, conhecido como Caolho. Caolho fora nomeado para o cargo assim que Perillo assumiu o governo, segundo a investigação, por indicação de Cachoeira, que o encarregara de assegurar que a Delta e demais “empresas amigas” faturassem alto não somente no Detran, onde ele assinaria contratos e autorizaria pagamentos, mas também nas demais áreas do governo de Goiás. Como Caolho faria isso? Graças a seu acesso privilegiado à cúpula do governo tucano, Caolho tinha bom trânsito com Perillo e seus assessores. Deveria ainda manter Cachoeira a par de possíveis novos projetos do governo. É nesse contexto que transcorre o diálogo entre Cachoeira e Caolho naquela noite de março – um breve, porém claro, sinal do empenho de Perillo em ajudar a turma. Cachoeira diz a Caolho: “Tenho um recado do Marconi e do Demóstenes para você”. Caolho pergunta do que se trata. “Por telefone é ruim, né?”, afirma Cachoeira. Ato contínuo, Caolho pergunta se os dois podem se encontrar. Cachoeira, cansado depois de um dia intenso e sem encontrar uma brecha na agenda do dia seguinte, acaba transmitindo o recado de Perillo por telefone. “Você teve com a Politec?”, diz Cachoeira. “Tive, ué”, responde Caolho. Temendo uma bronca, Caolho se adianta e conta tudo: “Quem mandou, pediu para eu receber a Politec foi o Marconi (Perillo). Ligou e pediu para eu receber o cara (da empresa Politec)” (ouça o áudio). Cachoeira confirma: “Aí mas ele (Perillo) não lembra, não. O problema é esse. Ele falou lá que você tinha que fechar (com a Politec), o negócio deles lá”.
Quando os componentes da CPMI fizerem uma analise detida e cautelosa nas investigações e escutas telefonicas do DPF, após requisição de todo conteudo lógico, vão abrir um leque todo emlamaçado e a bandalheira politica de Goiás, os Goianos que tem vergonha na cara, estão estarrecidos com os ultimos acontecimentos, doa em quem doer a CPMI tem que aprofundar as investigações com a maior urgencia possível, uma vez que, o nosso estado está passando a impressão para os demais do nosso país, como o mais podre da nação, até agora não estamos vendo ou assistindo nenhum de nossos representantes, tanto no legislativo Estadual quanto Federal, no sentido de apurarem com todo rigor os fatos em comento. Será que vão deixar somente para o senador Randolfe e Deputado Odair essa catastrófi ca bomba, pois tem alguns senadores e Deputados Federais do PSDB estão pensando tentando tapar o sol com a peneira e jogar a culpa na oposição, pois estamos em ano eleitoral, fato vergonhoso e por demais nojento, Dep. Rui Falcaão, os rumores no meio dos advogados em Goiânia sobre a assunto é um desacalabro.
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