Executiva chinesa é condenada à morte por fraude financeira
A executiva Lin Haiyan, 39, foi condenada à morte por um tribunal do sudeste da China, acusada de fraude financeira. A sentença foi anunciada em meio a um crescente cerco do governo ao
sistema financeiro informal do país, amplamente usado por empresários
que não obtêm crédito em bancos estatais. Lin foi condenada por "levantamento ilegal de fundos", anunciou a corte
de Wenzhou, cidade conhecida pelo vibrante setor privado alimentado por
uma ampla rede financeira informal. Ela recebeu 640 milhões de yuans (R$ 208 milhões) de investidores, a
maioria amigos e colegas de trabalho, com a promessa de lhes dar altos
retornos e baixo risco. O dinheiro foi canalizado para aplicações nos mercados de ações e de
futuros, resultando em grandes perdas, que Lin cobria com novos
investimentos --um procedimento conhecido como "pirâmide financeira". O esquema desmoronou em 2011, quando a executiva não conseguiu mais pagar os investidores. Segundo um juiz da Suprema Corte chinesa, de 2011 até o mês passado
1.449 pessoas haviam sido "seriamente punidas" --designação que vai de
cinco anos de prisão à pena de morte-- por se envolver em crédito
ilegal. O caso da executiva sentenciada à morte ilustra os abusos do inflado
sistema de crédito informal da China, conhecido como "shadow banking"
(bancos das sombras, em inglês). Pela mesma acusação, outra empresária de Wenzhou foi condenada à morte
em 2012. Mas a pena foi convertida em prisão depois de uma onda de
protestos na internet contra a rigidez da punição para esses delitos. No ano passado, o governo escolheu Wenzhou para lançar um
programa-piloto destinado a regular o mercado negro, após uma série de
suicídios e fugas de empresários que não conseguiram honrar empréstimos. A crescente dificuldade de pequenas e médias empresas em obter crédito estatal levou a uma explosão do sistema informal. De acordo com o banco central chinês, os empréstimos convencionais
representavam 95% do sistema financeiro em 2010; no ano passado, o
número caiu para 58%. O aumento dos calotes gerou um "risco sistêmico",
alertou a agência Moody's em estudo publicado neste mês.
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