sábado, 8 de outubro de 2011

Os dois lados de uma história


7/10/2011 - 22h52

Ao som de rap, Chávez lança coalizão política rumo às eleições


Dançando ao som de rap e prometendo "uma surra" na eleição que acontecerá dentro de exatamente um ano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ressuscitou nesta sexta-feira uma coalizão política de esquerda com a qual pretende obter um novo mandato.

O líder socialista de 57 anos se submeteu a quatro etapas de quimioterapia desde que passou por uma cirurgia para retirar um câncer, em junho, mas isso não o impediu de dançar ao lado de jovens rappers venezuelanos no lançamento do "Grande Polo Patriótico."
"Viva a Venezuela! Viva o hip-hop!", riu Chávez, que na semana passada jogou uma bola de beisebol para jornalistas a fim de negar uma notícia, publicada nos Estados Unidos, de que ele teria sido internado às pressas com problemas renais.
Chávez, no poder há 12 anos, havia abandonado o Polo Patriótico, mas agora o recriou, reunindo o seu Partido Socialista Unificado a movimentos comunitários e outras agremiações menores, como o Partido Comunista.
"Este é um marco no transcurso da revolução socialista", disse ele numa cerimônia no palácio presidencial de Miraflores.
Desde que se tornou presidente, Chávez já convocou cerca de uma dúzia de eleições no país, das quais só perdeu uma. Ele consegue isso graças à desunião da oposição e da popularidade dos seus programas de educação e saúde nas favelas. O presidente prevê que obterá um novo mandato no ano que vem com mais de 60 por cento dos votos.
"Vamos dar uma surra na burguesia!", disse ele, com sua retórica habitual, pedindo a seus partidários que lhe deem a inédita votação de 10 milhões de votos.
Desta vez, porém, Chávez enfrentará uma oposição mais unida, que irá escolher um candidato de consenso em uma eleição primária em fevereiro.

As pesquisas mostram que Chávez tem aprovação popular em torno de 60 por cento, refletindo a solidariedade despertada pela doença. Mas também há grande insatisfação com a elevada criminalidade, com a precariedade da infraestrutura, o que inclui repetidos apagões, e com a inflação.
Vários candidatos de oposição também realizaram eventos nesta sexta-feira em todo o país. Alguns inauguraram contagens regressivas para o fim do mandato de Chávez.

Analistas dizem que há muitos venezuelanos que não apoiam nem Chávez nem a oposição, e que serão decisivos no pleito do ano que vem. "2012 terá uma acirrada batalha pelos eleitores flutuantes e indecisos, em torno de 2 milhões num eleitorado de 18 milhões", disse o boletim LatinNews, publicado em Londres.

TRADUZINDO: Realmente na Venezuela há muitos problemas sociais. A criminalidade em alta, a inflação  crescente e o mais perigoso de todos: a pretróleo-dependência. As consequências de se ter uma grande e abundante riqueza são enormes e estão acontecendo na Venezuela. A política industrial está capengando, os produtos alimentares são em sua maioria importados (quando poderiam ser do próprio país), a falta de incentivo empreendedor, enfim, tudo gira em torno do petróleo, o que está deixando a Venezuela refém de apenas uma fonte de riquezas. Quando há oscilação do preço no mercado internacional o país de Chávez simplesmente é refém e a população se sente cada vez mais amarrada em torno do ouro negro. Fora isso, o problema dos blecautes por falta de energia elétrica é uma constante. Em contraposição, a saúde, as estradas, a urbanização, a educação, o incentivo ao esporte, a participação das massas na política e nos destinos da nação e outras questões dão um exemplo ao Brasil de como os serviços essenciais têm prioridade. Naquele país, a excelência desses serviços é algo espantoso, de dá inveja a qualquer país do mundo. É nesse sentido que os venezuelanos têm que despertar dentro de si a coragem para aprofundar as reformas, retomar a política industrial, a capacidade de produção de alimentos em seu próprio país, investir em inteligência tecnológica para que assim as consequências da riqueza Orinoca perpassem para as gerações do futuro. Politicamente, o fato da popularidade de Hugo Chavéz, com todos os seus defeitos, não cair, sendo certa a sua vitória, se faz, principalmente, pelo fato da oposição, de alma golpista, ter maltratado o povo quando estava no poder, repartindo a riqueza do petróleo com uma minoria canalha que pisava nos mais pobres e, para conter as massas, deixava cair migalhas aos "cães" da plebe. Esse sentimento de humilhação vai demorar muito de ser esquecido pela população e, aliado ao fato do carisma de Chavéz e de uma direita que nasceu apenas para governar e não sabe ser oposição, concluimos que a Venezuela tende a permanecer com o socialismo chavista pelos próximos anos. Em José da Penha, a tática é a mesma. Estratégias de manutenção do poder são realizadas para conter o povo de seus inflames e de segurar a fidalgia para continuarem no poder a qualquer custo. O problema é que parte dessa elite também despertou encarnadamente.

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