O ministro do Esporte, Orlando Silva, interrompeu sua agenda de trabalho
em Guadalajara, cidade mexicana em que são realizados os Jogos
Pan-Americanos, para falar durante quase 40 minutos sobre as denúncias
publicadas pela revista Veja. O político afirmou que vai
processar por calúnia José Dias Ferreira e Célio Soares Pereira, que o
acusaram de receber verbas desviadas do programa Segundo Tempo, e que
acionou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que as
denúncias sejam investigadas pela Polícia Federal (PF). Também afirmou
estar disposto a ir ao Congresso para dar explicações sobre o assunto.
Ministro disse ter procurado a presidente tão logo soube da reportagem:
"Tem gente na política que acaba banalizando acusações, mas eu não.
Estou sereno, diante de tamanha agressividade, e também confiante,
porque sei que rapidamente, até mais do que as pessoas imaginam, a
verdade virá à tona", disse Silva. "São acusações gravíssimas e vou
reagir à altura". O ministro afirmou que se encontrou com José Dias Ferreira,
ex-militante do PC do B, apenas uma vez. "O único momento que encontrei
este caluniador foi em uma audiência, no ano de 2004 ou de 2005, por
recomendação do então ministro Agnelo Queiroz", explicou. "Ele era
presidente de uma entidade relativa ao kung fu em Brasília e queria
estabelecer um convênio com o Ministério. Foi a única vez que encontrei
essa pessoa. Sobre a segunda pessoa (Célio), o que posso dizer é que não faço a mínima ideia de quem seja. Nunca o encontrei na vida". Silva confirmou que houve a assinatura de convênio com as entidades
lideradas por José Dias Ferreira. Mas, irregularidades no uso das verbas
(que seriam da ordem de R$ 3 milhões), descredenciaram as
ONGs. "Existe um processo no TCU que exigirá a devolução destes recursos
porque não temos uma conduta complacente com a má utilização de
recursos públicos. O fato de ele ter sido membro do meu partido e de ter
relações políticas em Brasília não me interessa. Percebo que pode estar
sendo criada uma cortina de fumaça em torno deste assunto", atacou. "Agora, uma pessoa que já foi presa, é alvo de um inquérito policial,
vira a fonte da verdade. Coloco-me à disposição para ir ao Congresso
Nacional, já na próxima semana, para dar explicações. Estou consciente
da minha conduta e do meu compromisso ético. Um bandido me acusa e eu
que tenho que me explicar". O ministro afirmou que entrou em contato com a presidente Dilma Rousseff
tão logo soube da denúncia - os dois conversaram neste sábado, 15. "O
que fiz foi procurá-la para informar da notícia. Foi uma conversa muito
direta. O que posso dizer é que vou seguir minha agenda de trabalho, foi
a recomendação que recebi da presidente. Ela não quer que a minha
rotina seja impactada". Silva deve chegar ao Brasil amanhã. "Estarei em
Brasília na segunda-feira e já tomarei providências".
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