segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A MORTE DO OPRESSOR

Herança política vai de pai para filho assim como em vários lugares do Brasil

O ditador norte-coreano, Kim Jong-il, morreu no sábado aos 69 anos por conta de um ataque cardíaco, segundo anúncio da agência estatal de notícias feito somente nesta segunda-feira (horário de Brasília). Lideranças mundiais expressaram condolências e demonstraram apreensão quanto ao futuro da Coreia no Norte. Algumas horas após a comunicação da morte, Kim Jong-un, filho mais novo de Kim Jong-il, foi anunciado como o "grande sucessor do sistema revolucionário" da Coreia do Norte pela agência estatal KCNA.
Em resposta aos acontecimentos, o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, cancelou todos os seus atos oficiais e pôs seu Gabinete em estado de emergência. Os sul-coreanos vivem décadas de conflitos com o vizinho do norte. A casa presidencial convocou uma reunião urgente do Conselho de Segurança centrada na morte do líder máximo norte-coreano para decidir as diretrizes a seguir por Seul. Também as autoridades das Forças Armadas sul-coreanas convocaram uma reunião de emergência sobre gestão de crise. O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul pôs todas as unidades do Exército em estado de alerta e indicou que aumentou a vigilância ao longo da fronteira com as Forças Combinadas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. 


REINO UNIDO E EUA


O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, pediu à nova liderança da Coreia do Norte que trabalhe "pela paz e pela segurança na região" e que participe de negociações para o fim das atividades nucleares do país, setor cujo desenvolvimento foi impulsionado por Kim Jong-il. Em comunicado, Hague reconheceu que a morte do ditador norte-coreano "é um momento difícil" para o povo do país, mas assinalou também que pode marcar "um ponto de inflexão". "Esperamos que a nova liderança (da Coreia do Norte) reconheça que o envolvimento com a comunidade internacional oferece as melhores perspectivas para melhorar a vida do povo desse país", declarou. O governo dos Estados Unidos afirmou que "acompanha de perto" as notícias da morte do ditador e que está comprometido com a estabilidade na península coreana e a segurança de seus aliados. "O presidente [Barack Obama] foi informado e estamos em contato direto com nossos aliados na Coreia do Sul e no Japão", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carnei. "Seguimos comprometidos com a estabilidade na península coreana e com a liberdade e a segurança de nossos aliados". Na Rússia, o ministro de Relações Exteriores, Serguéi Lavrov, disse esperar que a morte de Kim Jong-il não afete as "relações de amizade" entre Moscou e Pyongyang.


JAPÃO E CHINA


O Japão ofereceu suas condolências à Coreia do Norte pela "repentina morte". O porta-voz japonês, Osamu Fujimura, disse esperar que isso "não afete a paz e a segurança na península coreana". Segundo ele, após reunião com altos comandantes de segurança nacional, o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, ordenou "fortalecer as comunicações" com os Estados Unidos, China e Coreia do Sul. Noda pediu uma estreita relação entre estes países, de forma que estejam preparados para possíveis imprevistos, disse Fujimura. Assim como seu colega sul-coreano, o primeiro-ministro japonês cancelou todos os atos programados para esta segunda-feira. As autoridades chinesas, por sua vez, ofereceram suas "profundas condolências" pela morte do norte-coreano, destacando que foi um "bom amigo" da China. O regime comunista assegurou que Pequim continuará apoiando Pyongyang para "salvaguardar a paz e a estabilidade" na região. "A notícia do falecimento do camarada Kim nos impactou. Oferecemos ao povo da República Popular Democrática da Coreia nossas condolências. Foi um grande líder e um bom amigo", assinalou na entrevista coletiva diária o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Liu Weimin. Em Taiwan, o Ministério das Relações Exteriores formou um grupo especial de acompanhamento da situação da Coreia do Norte e da segurança na Ásia Oriental. "Também estamos em contato com os taiwaneses que moram na Coreia do Norte e Coreia do Sul para ver como protegê-los", disse o porta-voz, James Chang. Na ilha, existe preocupação sobre os possíveis efeitos desestabilizadores na Ásia Oriental da morte de Kim e sobre o impacto na China, que é ao mesmo tempo o principal parceiro comercial e o máximo "inimigo político" de Taiwan.

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