O Brasil ultrapassou a Coreia do Sul e se tornou, no fim de 2011, o sexto maior país detentor de reservas internacionais no mundo, segundo números divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Banco Central, por meio do relatório de gestão das reservas referente ao ano passado. No fim de 2010, o Brasil ocupava a sétima posição no ranking de maiores detentores de reservas cambiais. Ainda permanecem na frente do Brasil, no tamanho das reservas cambiais, os seguintes países, pela ordem: China (cerca de US$ 3 trilhões), Japão (aproximadamente US$ 1,3 trilhão), Arábia Saudita (pouco acima de R$ 500 bilhões), Rússia (cerca de US$ 500 bilhões) e Taiwan. Atrás do Brasil, no ranking divulgado pelo BC brasileiro, aparecem Coreia do Sul, Hong Kong, India e os países da Eurozona. No fim de 2011, lembrou o BC, o Brasil possuía US$ 352 bilhões em reservas internacionais, US$ 63,44 bilhões, ou 22%, a mais do que no fechamento de 2010 (US$ 288,57 bilhões). Com isso, as reservas cambiais registraram o segundo maior crescimento anual da história, perdendo apenas para o ano de 2007, quando foi computada uma expansão de US$ 94,49 bilhões. O Banco Central observou, porém, que a economia brasileira apresenta a segunda menor proporção de reservas em relação ao PIB entre os países dessa mesma lista, com valor aproximadamente três vezes menor que a média. Neste critério de comparação, o Brasil supera apenas os países da Eurozona.
Seguro contra crise
A vantagem de ter dólares em caixa é que isso dá garantias contra eventuais crises no mercado externo, como a da Rússia, em 1998, que acabou atingindo o Brasil, e as turbulências que atingiram a economia internacional em 2008 e, novamente, em 2011 e começo de 2012. Em 2008, na primeira fase da crise financeira, quando as linhas de crédito externas escassearam, o BC vendeu dólares das reservas para empresas brasileiras. No fim de 2010, o Banco Central chegou a ofertar dólares ao mercado financeiro, com compromisso posterior de recompra, mas não aceitou as propostas do mercado financeiro na ocasião. Apesar das vantagens em possuir reservas em um momento de crise, economistas chamam a atenção para o chamado "custo de carregamento" das reservas cambiais. Cada vez que o governo compra divisas, paga em real e, com isso, aumenta a dívida interna. Ao mesmo tempo, também tem de pagar mais juros, uma vez que as taxas oferecidas no mercado interno são mais altas do que no exterior.
Histórico das reservas
As reservas internacionais brasileiras chegaram ao fundo do poço no fim de 1998 no governo FHC e início de 1999, logo após o anúncio de moratória (não pagamento da dívida externa) por parte da Rússia. Naquele momento, houve uma fuga de capitais de todos os países emergentes, inclusive do Brasil, e, para manter o câmbio fixo, o Banco Central, sob a tutela de Gustavo Franco, teve de lançar mão das reservas e vender dólares ao mercado financeiro para segurar a cotação do real. Naquela época, as reservas já haviam caído para US$ 24,4 bilhões. Com a adoção do câmbio flutuante, ou seja, sem metas para a taxa de câmbio, as reservas deixaram de ser utilizadas para conter a subida do dólar. A consequência imediata foi a disparada da moeda norte-americana para cerca de R$ 3,00. Entretanto, até o fim daquele ano já retornaria para um patamar ao redor de R$ 2,00 por dólar em razão do aumento da taxa básica de juros da economia. Com o processo de recomposição das reservas, iniciado em 2004, o Banco Central voltou a comprar dólares, o que tem elevado, desde então, o patamar das reservas cambiais. No fim de 2005, as reservas já estavam em US$ 53,8 bilhões, avançando para US$ 85,8 bilhões no fechamento de 2006 e para US$ 180 bilhões no final de 2007. No fechamento de 2008 e de 2009, respectivamente, as reservas alcançaram as marcas de US$ 206 bilhões e US$ 239 bilhões.
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