sábado, 22 de outubro de 2011

ONU PEDE INVESTIGAÇÃO SOBRE MORTE DE KADAFI

A análise de novos vídeos divulgados sobre os momentos finais do ex-ditador da Líbia Muammar Gaddafi reforçam as suspeitas de que ele tenha sido executado pelos rebeldes, afirma o blog "The Lede", do jornal americano "The New York Times"."Embora seja difícil determinar a exata cronologia de todos os vídeos postados online nas últimas 36 horas, as primeiras imagens do coronel Gaddafi após ser capturado parecem ter sido feitas por Ali Algadi, um combatente rebelde, com um iPhone. Algadi disse ao site americano de notícias GlobalPost, que obteve e publicou este vídeo, que ele começou a gravar apenas alguns segundos depois que o líder foi arrastado de um duto de esgoto sob uma estrada em Sirte na quinta-feira", afirma o blog. Durante o dia, centenas de pessoas formaram filas na cidade de Misrata para ver o corpo do ex-ditador da Líbia exposto sobre um colchão numa sala refrigerada utilizada por bares e restaurantes de um mercado. Sem camisa e sapatos, sobre um colchão improvisado e sujo de sangue, o cadáver do ditador que governou o país por 42 anos com mão de ferro foi fotografado com câmeras e celulares por centenas de curiosos que aguardaram para passar pelo local. Marcas de tiros ainda são visíveis no lado esquerdo da cabeça, onde o projétil permanece alojado, no peito e também na barriga. 

INVESTIGAÇÃO
 
Mais cedo, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu nesta sexta-feira uma investigação sobre as circunstâncias da morte do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi, anunciada ontem pelas forças rebeldes do país, durante operação militar em Sirte. "A respeito da morte de Gaddafi ontem, as circunstâncias ainda não são claras. Nós consideramos que é necessária uma investigação", declarou o porta-voz, Rupert Colville, em referência aos vídeos que foram divulgados pelos meios de comunicação.
"Deveria haver algum tipo de investigação, dado o que vimos ontem, acho que é muito essencial", disse ele, em referência às imagens divulgadas da captura de Gaddafi, nas quais ele ainda aparecia com vida. Embora inicialmente não houvesse uma versão oficial, um vídeo que mostra o ex-ditador capturado ainda vivo transmitido por emissoras árabes gerou suspeitas de que ele tivesse sido executado pelos rebeldes. O premiê da Líbia, Mahmoud Jibril, disse que relatórios de perícia mostram que a causa da morte foi um tiro recebido durante um tiroteio. "Gaddafi foi retirado de dentro de uma tubulação de esgoto e não mostrou resistência alguma. Quando começamos a movê-lo ele foi atingido por um tiro no braço direito e quando o colocamos numa picape ele ainda não tinha nenhum outro ferimento", disse o premiê citando o relatório. Um médico que examinou o corpo, porém, afirmou que ele foi fatalmente ferido por uma bala em seus intestinos depois de ser capturado. "Gaddafi foi capturado vivo, mas morreu depois. Houve uma bala e essa foi a causa primária de sua morte; ela penetrou em suas entranhas", afirmou o Ibrahim Tika à emissora árabe de TV Al Arabiya. "E houve uma outra bala na cabeça, que entrou e saiu". Segundo o porta-voz da ONU, as circunstâncias da morte do ex-ditador estão "muito pouco claras" porque há "quatro ou cinco versões diferentes de como ele morreu". Colville pediu mais detalhes para determinar se houve uma execução por parte dos rebeldes ou se foi durante troca de tiros. O funcionário do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos lembrou ainda que o Conselho de Direitos Humanos da ONU já havia designado meses atrás uma comissão para investigar as violações de direitos cometidas na Líbia pelos dois lados do conflito.
Colville chamou ainda as novas autoridades líbias e a quem puder ajudar que "contribuam para tranquilizar a situação no país", tendo em vista que "há gente demais que está armada na Líbia e que a situação está muito desordenada". Segundo ele, porém, a queda do regime e das últimas cidades que permaneciam fiéis a ele coloca o fim a oito meses de sofrimento e violência extrema. "Começa uma nova era que deve responder às aspirações do povo por democracia e direitos humanos", afirmou.




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